sexta-feira

Amnistia Internacional



Viver com defesas é diferente de viver à defesa. É bom sinal, a capacidade que temos em oferecer barreiras e resistência a tudo aquilo que é ameaçador ou que me destrói e portanto é meu dever proteger-me. No entanto, o mesmo já não acontece com a atitude defensiva, de quem vive pela desconfiança com medo de perder ou ser enganado. E quando assim é, a defesa transforma-se em ataque. Um ataque ferido e que vai ferir a relação com o outro. Porque quem não sabe perder, não suporta a vitória do outro. Qual a necessidade de viver armado, ou se preferirem, viver à defesa? Acho que não vale a pena falar de acabar com as guerras e as injustiças, se o coração de cada um não teve, ainda, a capacidade de estar indefeso diante da diferença e da verdade. Não vale a pena ir lá para fora, além fronteiras, lutar pela paz e pelas diferenças se as minhas relações durante o dia não são sinal dela. Porque é que gosto de fazer uma intensa experiência inter-cultural (onde se jogam fortes diferenças) e custa-me experimentar as relações inter-temperamentais? Pergunto-me pelas razões de quem vive armado? E encontro uma. Uma que me faz pensar. O armado nunca se sentiu amado.


Nuno Branco,sj

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